sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Sobre bikes e cidades: São Paulo e Amsterdam
Sobre bikes e cidades: São Paulo e Amsterdam. Recentemente, inspirado pelo pedal em Campos do Jordão, escrevi sobre a importância de áreas verdes públicas em áreas urbanas para prática de exercícios físicos e atividades de recreação e comentei da existência do Índice de Área Verde da OMS, que ajuda a avaliar se a quantidade de parques e áreas verdes é suficiente para um determinado município ou região levando em consideração o número de seus habitantes.

Hoje quero escrever sobre bikes e cidades com um amigo que pedalou por Amsterdam (o Xandoq). Há alguns meses estive na sala da Diretora de Paisagem Urbana da São Paulo Urbanismo, a Regina Monteiro, quando conheci um modelo de bicicleta patrocinada pelo Itaú que em breve estaria disponível para uso público em diversos pontos da cidade de São Paulo.

A bike propriamente. A Regina me relatou que não foi fácil concebê-la pois envolveu cuidados especiais com as peças e partes para evitar qualquer tipo de acidente com os ciclistas, já que o universo dos que irão utilizar é muito grande e diversificado. O modelo da bike tb se preocupou com acabamento para não rasgar roupas e adotou paralamas para evitar que o ciclista se sujasse em poças d'água. 

Nesta semana, coincidentemente, andando pela região da Av. Paulista, vi um dos 20 postos de entrega e retirada dessa bicicleta que já existem. A ideia é implantar postos próximos uns aos outros facilitando o fluxo das bikes.
Funcionários da empresa trabalhando na instalação da estação para 12 bikes.
Quadro informativo da estação, com mapa da região (com estações) e outras instruções.

Em São Paulo a "Lei Cidade Limpa" teve um efeito interessante ao tornar escasso o espaço para publicidade, obrigando a iniciativa privada a encontrar alternativas - tais como adoção de mobiliário público para conservação e até mesmo o patrocínio de bicicletas. Além do Itaú há outras empresas trabalhando para propor projetos semelhantes. Aliás, aqui merece referência a uma boa sacada da Lei Cidade Limpa: tutelar a paisagem urbana compreendendo tudo que está visível por qualquer pessoa situada em uma área comum do povo - por isso a tutela da publicidade inclusive em bicicletas, p.ex.

Pedalar pela cidade é uma experiência de mobilidade bastante presente na vida das pessoas em muitas cidades do mundo. Meu amigo Alexandre de Barros Rodrigues ("Xandoq") esteve em Amsterdam, eis o seu relato:

Xandoq: Em primeiro lugar, acho importante dizer que foi minha primeira visita a cidade, e fui realmente surpreendido pelo trânsito (não congestionamento) caótico que predomina no local. É uma confusão de bicicletas com motos, carros, ônibus e railway que pode a qualquer momento fazer uma vítima (e eu, desavisado, quase fui uma delas logo que cheguei por lá...)

Amsterdam não é uma cidade grande, e as pessoas (de qualquer idade) possuem o hábito de pedalar. Chega a ser louvável e ao mesmo tempo preocupante deparar-se com vovós que aqui no Brasil talvez manejariam uma bengala, e nos lados de lá estão confiantes pedalando suas bikes.
Centros com muitos pedestres e bicicletas pra lá e pra cá.

E pelo fato da bicicleta ser um costume e um meio de transporte local, é possível dizer que elas são milhares por toda a cidade. Existem diversos estacionamentos para bicicletas, e mesmo quando não há um conglomerado para estacionar, basta haver um poste, uma luminária, ou um ferro qualquer para que lá seja amarrada uma bike.

Na foto, um monte de bike estacionada em praça pública.

Percebi também que existem tantas bicicletas, em sua grande maioria bicicletas muito simples e até velhas, quem tem donos que nem se preocupam em amarrá-las, estando certos de que nenhum atrevido ladrão teria interesse em levá-las. Simplesmente as deixam estacionadas em qualquer lugar, sem uso de cadeado... 
Eu, por exemplo, fui agraciado por esta maravilha abaixo, que peguei alugada no Hotel que eu estava, por absurdos 15 EUROS o dia. Vejam o naipe da magrela:

Bike muito simples... o intuito é pedalar.... As que estão chegando aqui em São Paulo parecem melhores do que essa. E há um detalhe que preciso contar. Logo que peguei essa bike, e montei nela para andar, fiquei procurando o freio da mesma, tendo em vista que não havia manetas no guidom, nem pastilhas acopladas às rodas... Foi só começando o pedal que eu percebi que estas bikes de lá tem freio no próprio pedal, quando voltamos a catraca para sentido contrário ao que está se indo.

Fiz uma primeira parada na região do Voldelpark, e fui conhecer o letreiro famoso que fica perto do museu de Van Gogh. Pessoalmente, ele é menor do que aparenta ser na foto:


Seguindo o percurso, fui rumando sentido a estação central. No meio do caminho é possível passar pelo Leidespleien, onde existe um centro comercial e um cheiro de canabis bem evidente rsrs... Ali parei para almoçar e poder curtir os barcos e pessoas que transitavam pelos canais:
Dai para a estação central, me concentrei mais no pedal para render e chegar logo na estação central, onde pretendia comprar uma passagem de trem rumo à Alemanha. O caminho é semelhante, sempre pela ciclovia e sempre seguindo o mesmo rumo dos railways... O Sol estava bem forte e era mais ou menos umas 14:30h quando cheguei na estação central de Amsterdam:




Foi um passeio bem interessante... La perto da estação central, tive que amarrar a bike para comprar meus bilhetes, e fiz uma pequena caminhada para conhecer um pouco mais do lugares, inclusive o famoso Red Light District, abaixo:
Red Light District de dia, com bikes...

Enfim, foi isso. Espero ter passado um pouco da minha experiência de como foi pedalar em Amsterdam. 

Um abraço a todos,
Lucas e Xandoq


segunda-feira, 6 de agosto de 2012


Sobre bikes e parques e sobre Pedra do Baú. Fui sexta-feira à noite para Campos do Jordão a convite de um casal de amigos, a Mari e o Fernando. Nas outras duas ocasiões em que estive na cidade não fiquei tão atento à variedade de opções de turismo ecológico e de práticas esportivas de modalidade outdoor, o que muito me impressionou dessa vez, sendo um destino muito atraente e recomendável para praticantes de ciclismo, corrida, trekking escalada (na região de São Bento do Sapucaí e Pindamonhangaba), e para aqueles que gostam de contemplar mirantes, cachoeiras, picos, etc.

No sábado fomos pedalar no Parque Estadual Campos do Jordão, também conhecido como Horto Florestal, criado em 1941 e, pelo que li, o parque mais antigo do Brasil. Com uma enorme extensão, possui diversas trilhas e equipamentos de lazer para todas as idades. 
Na entrada do Parque/Horto

A Organização Mundial da Saúde - OMS, órgão vinculado à ONU, recomenda como um índice mínimo de áreas verdes públicas urbanas de 12m2 por habitante (o “IAV”), reconhecendo a importância dessas porções territoriais não apenas para a estética de uma cidade ou para serviços ambientais como drenagem de águas de chuva, mas também para o bem-estar humano por meio da prática de exercícios físicos ou simplesmente como espaço para lazer e atividades lúdicas, além de promover uma melhora na qualidade do ar.
Amigos com detalhe do Horto/Parque ao fundo.

Apenas para se ter uma ideia a cidade de São Paulo possui um índice médio de 2,6m2, que chega a ser muito pior em determinadas regiões, que chegam a ter índices quase próximo a zero. A cidade com melhor índice do mundo é Curitiba, com 52m2. Nova Iorque, Madri, Paris possuem, respectivamente, 23,1 m2, 14 m2, e 11.5 m2. A importância do Índice é justamente constituir numa importante “régua” para aferir a qualidade ambiental e da saúde pública de uma dada localidade, além de permitir o controle dos cidadãos para a melhora desse índice localmente: qual o IAV de sua cidade? como melhorá-lo?

Voltando ao pedal... Como estávamos numa turma grande – nove amig@s – alugamos bicicletas para os demais e fizemos uma trilha curta pelo Horto. Além de bonita e agradável em si, foi ótimo ver como até os mais enferrujados (mesmo) no pedal acabaram curtindo pedalar e usufruir do Parque, uma opção que agradou a todos mesmo na cidade “shopinizada” do roteiro de inverno...


No fim da tarde um grupo mais animado resolveu voltar pedalando uns 10km de volta para casa (valeu Fer, Mari e Gustavo), contando com o carro de apoio segurando o transito rsss (Marina, Luisa, Murilo e Ariane):


No domingo acordei cedo e para aproveitar o privilegio de estar numa cidade cheia de coisa bacana pra fazer resolvi pedalar até a Pedra do Baú, o que daria uns 60 km (total de ida + volta). Como o tempo para regresso estava apertado – para não abandonar todo o pessoal da casa... – fui até metade do caminho e voltei. Depois de encarar uns 25km do percurso, contando uns 10km de subida, resolvi abandonar a tentativa e regressar. Trouxe de volta uma enorme curiosidade de numa próxima tentativa curtir a Pedra do Baú (vou ficar devendo para uma próxima a foto da Pedra...).


A Pedra do Baú foi considerada, em 2011, um Monumento Geológico pelo Conselho Estadual de Moumentos Geológicos – CoMGeo-SP, órgão destinado a pensar ações para proteção do patrimônio geológico do Estado – por exemplo para boa gestão, incentivo a visitação, estabelecimento de geoparques, implantação de sinalização e placas indicativas, etc. A Pedra do Baú é acompanhada por outros quatro Monumentos, dentre eles o Varvito em Itu e a Rocha Moutonné em Salto.
Subindo, subindo; visual bonito ao longo da estrada para a Pedra.

Saindo do Horto Florestal e indo até a Pedra do Baú. O pedal é boa parte por asfalto, o que facilita, mas a subida até a Pedra é bem exigente...

domingo, 29 de julho de 2012

Serra do Japi. O ciclo histórico dessa semana foi pela Serra do Japi, entre os municípios de Cajamar e Jundiaí, com um pouco de patrimônio cultural natural. Marcamos, pela internet, um ponto de encontro com o grupo Pedal Jundiaí, que já havia publicado que haveria ontem (28.07) uma trilha pela Serra. Avisaram tb que seria em ritmo forte, incluindo uma subida muito pesada até um conjunto de antenas no topo de um morro ("trilha da antena da Cultura"). 

Claro que subestimamos, e até brincamos que foi um trote do Grupo por conta de ser a primeira trilha com eles. Apenas para ter uma ideia nos 10 primeiros km até a antena já tínhamos um acumulado de subida de 700m, quase a metade do que se costuma ter em trilhas moderadas de 50km...

Penúltima subida antes de chegar na torre, muito íngreme e longa. 


Pessoal na área de torres; embora alto, pena que não há nenhum visual de lá de cima, só mesmo a superação de chegar.

Na volta o grupo resolveu se separar por conta do horário, e eu, Dom e Fernando, com um pouco mais de folga, resolvemos continuar por uma outra trilha circular - um caminho com paisagens bonitas e próximo a áreas bem preservadas (aprox. +35 km).


Fernando e Dom pedalando.

O bacana desse segundo trecho da trilha foi pedalar margeando a área tombada da Serra do Japi. Na década de 70, época do início do movimento ambientalista no Brasil, não havia instrumentos específicos para proteção de áreas naturais - o que só veio a se consolidar com a Lei do Sistema Nacional das Unidades de Conservação, em 2000, em que pese a existência de áreas protegidas anteriores - de modo que o instrumento do tombamento serviu como peça fundamental para a proteção de áreas naturais, a exemplo da própria Serra do Japi e da Serra do Mar, tombadas, respectivamente, em 1983 e 1986. Aliás, a primeira área natural tombada pelo órgão de proteção estadual foi a Pedra Grante em Atibaia, em 83, que contou particularmente com a liderança do ambientalista Fabio Feldmann e o geógrafo Aziz Ab' Saber.

Placa informando ser a área tombada.

Longe de ser o instrumento exclusivo para a conservação ambiental, o tombamento de áreas naturais reconhece a importância da beleza cênica e paisagística de porções do território, a beleza de determinadas formações rochosas, etc., e até mesmo eventual relação histórica e cultural que pode existir - a exemplo da Serra do Mar e sua importância histórica na relação entre a subida da baixada santista em direção ao altiplano onde foi fundada São Paulo. 

Dom e a Serra ao fundo.

Mais sobre o tombamento da Serra do Japi: http://bit.ly/P68psO 
Aproveito para agradecer ao grupo Pedal Jundiaí (Daniel Rigato, Max Oliveira e Bruno Pacheco, www.facebook.com/groups/biikejundiai) por ter apresentado a trilha. Fotos do Fernando Souza.

Tracklog da trilhahttp://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3141253 e http://www.webventure.com.br/ondepraticar/criarmapa/desenhar/id/1390

Sobre a trilha: trecho antena: difícil, mas vale o treino e o susto serve para te deixar vacinado. Trecho volta Jundiaí-Cajamar-Jundiaí: fácil com trechos bonitos. É possível fazer apenas um ou ambos.

Até o próximo ciclo histórico!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nesse último sábado, dia 21, fomos pedalar na região rural entre Jundiaí e Itu. O objetivo era chegar até o Armazém do Limoeiro, uma vendinha de 1901 que existe até hoje. O ponto de encontro foi às 8h numa casa de sucos na Rodovia Jundiai-Itu (D. Gabriel B. Couto).
Pessoal se preparando pra sair, estudando a direção.

Ao longo de quase todo o século XX serviu como armazém de produtos gerais para os colonos e trabalhadores rurais da região, voltados essencialmente para a cafeicultura. Aliás, inegável a importância de Itu e região para a economia de São Paulo durante o período cafeeiro, sendo uma referência simbólica desse período o casarão do então fazendeiro José Vasconcellos de Almeida Prato, protegido pelo tombamento desde a década de 90 (mais informações disponíveis aqui http://bit.ly/PzORki).

Embora a paisagem rural remeta hoje a áreas sem cultivo ou com outro uso (pasto, pinus, etc.), pedalar pela região foi como viajar de volta para o início do século XX e imaginar que daquela região toneladas de grãos saíram para conquistar o paladar do mundo. Abaixo, o Dom pedalando pela região:

Voltando para o Armazém... o local é administrado pela mesma família desde 1910, e ainda hoje funciona como um ponto de encontro: agora para ciclistas, peregrinos, e pessoas que chegam para curtir o local tranquilo e familiar. Claro, sem faltar itens para comer e beber, muitos deles da roça. Uma pausa no Armazém: 
Outro detalhe pitoresco - que quem conhece a região de Itu com certeza já reparou - são as curiosas formações geológicas (seria isso?), enormes áreas com cara de que no passado receberam uma "pitada de pedras":
Pra quem quiser se aventurar por esse ciclo até o século passado, aqui há o nosso tracklog 
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3155402 e http://www.webventure.com.br/ondepraticar/criarmapa/desenhar/id/1389

Total aproximado de 54km, com uma subida acumulada de 1524m. As fotos são do amigo Fernando Souza (de óculos escuro na foto do Armazém).

Sobre a trilha: moderada. O sobe e desce engana, há bastante subida acumulada, mas poucas subidas muito duras.

Um abraço e até a próxima viagem...